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Mostrando postagens de outubro, 2018

Luto

Mais um dia acordo como se eu estivesse sufocada. Coloco uma das minhas mãos na minha garganta como se eu quisesse que aquilo que estivesse ali, entalado, simplesmente saísse, tomasse forma.  Meus olhos que parecem confusos e assustados, observa com pouca clareza o cômodo bagunçado. Reflexo do que me tornei.  Por um segundo, meu olhar encontra o nosso anel de borboleta. Tento tocá-lo com o dedo da outra mão. Em vão. A energia me consome, me suga e piora. Sinto de novo o sufoco que agora invade todo o meu ser.  Com dificuldade, levanto-me da cama. A cabeça dói, desde a notícia que me foi dada. Me perdi na escuridão das palavras que mais tarde foram confirmadas.  O meu luto tornou-se todos os dias desde que o seu coração parou de bater.  Eu tive esperanças. Acreditei que a vida pudesse surpreender até mesmo nos piores momentos. Erro meu? Era pra ser? Tantos questionamentos sem respostas.  Quando olho para as minhas mãos, agora trêmulas, tento respirar fundo.  M

Com amor

O movimento das ondas  sempre me fascinou. As vezes, furioso. As vezes, acolhedor. Uma mistura na dose certa.  Lembro do seu guiar e das nossas esperanças serem jogadas no mar, pedindo por realizações, mudanças, alegrias e amor.  Engano meu que nunca pedi o principal. Será que você pediu?  Faça sol, faça chuva, lá estávamos nós: de biquíni e a esperança em nossas mãos. O nosso caminhar junto de encontro ao mar, pisando na areia molhada era um momento prazeroso. Ríamos e nos divertíamos.  Posso lembrar do cheiro ao desembrulhar a embalagem que você me entregava: um aroma doce que ficava até mesmo nas mãos. As vezes rosa, as vezes branco. Era sempre com amor.  Hoje, quando olho para o lado,  as ondas me cercam ferozmente. Mas não vejo o seu rosto de agonia por sentir nas pernas o gelo da água. Ou até mesmo o seu sorriso travesso de estar indo mais fundo no mar.  Hoje, sou acompanhada pela solidão que você me deixou.  A minha esperança foi destruída pela mesma que me despertou.