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Mostrando postagens de maio, 2020

Sentir

Eu sei o quanto todos estão cansados de ler as mesmas palavras, os mesmos sentimentos, a mesma dor. Eu também cansei, é exaustivo demais. Quando vem, derruba um time inteiro de futebol, e destrói as águas mais limpas dos oceanos. Me sinto parada, no mesmo lugar, revirando esse baú que chegou depois, o tal sentir, tarde demais... desastre. Não há nada que substitua, nada que me faça sentir completa. Não há cura, não há milagre, não vai funcionar, ajuda. O vazio, a perda e o não poder fazer nada, me deixa de mãos atadas. Quero fugir, evitar a próxima tempestade. Eu sei que há outras perdas pra sentir, há outras histórias para começar, e tantas outras coisas pra viver. Mas você não estará lá pra eu contar, compartilhar... Você me deixou, sem instruções de como seguir. Você foi e simplesmente não há mais nada. Em palavras curtas e diretas, sentir tornou-se algo solitário demais.

Memórias

É o mesmo sonho. Fecho os meus olhos e estou em um lugar cheio de árvores, estou andando da forma mais leve que eu posso. A cada passo, tenho que esquivar de um galho verde, mas faço com prazer. Sei que no final do caminho, eu vou te ver. Quando chego no topo da montanha, sinto meu corpo me puxar pra baixo. Já estou em outro cenário, tentando abrir uma torneira. Meu rosto acompanha os seus movimentos, te encontro do outro lado. Estamos sorrindo, gritando com os cachorros. Um filtro natural com flores amarelas e o verde das árvores frutíferas. É o que eu vejo. Eu sei que tenho tantas perguntas, mas me calo, só quero sentir a paz daquele momento. Memórias que já vivi, uma mistura de sonho e realidade. Impossível de decifrar. Aos poucos tudo fica preto, e menos branco.

Furacão

Essa dor no peito, que não para. Sufoca, e me afasta. Me leva pra longe de você, de nós, de mim. O espelho recorda-me sobre quem eu sou, mas só vejo cacos espalhados pelo chão. Já fui, não sou mais. Sou estes cacos, quebrados, que continuam marcando a minha história. Cicatrizes de ouro, pintadas pelo meu corpo. Respiro, luto pra acalmar a mente que não cessa. Fecho meus olhos. Sou o furacão em um corpo de leão. Vou rugir, para espantar os males. Serei feroz como ninguém viu. Serei mulher sem medos de viver. Serei vitória ao amanhecer.