Rua Turiassú

O passado tem gosto da sua bala de maracujá com chocolate. Uma mistura azeda do que você deixou com o doce do seu olhar.


A tempestade traz consigo tantas lembranças e confusões que juntos construímos: a nossa própria ruína.


Será que você percebeu que eu sempre recolhi os seus pedaços? 


Será que você percebeu que o Bourbon permanece intacto, enquanto nós viramos pó?


Será que você nunca se entregou de fato?


Ou melhor, será que você percebeu tudo tarde demais?


Dançando lentamente com o pano branco na cabeça no meio do quarto. De fundo, as risadas e o calor do seu abraço. Agora, posso ver em seus olhos, claramente, que você nunca achou que esses momentos se apagariam tão rápido.


O fogo que nos aquecia, agora é a nossa própria destruição. Eu provoquei e, digo, foi preciso.


Talvez eu seja aquela mulher que goste de pontos finais, mas que goste ainda mais de escrever sobre eles. Confesso que nunca pretendi dizer adeus.


Por tantas vezes imaginei reencontrar-te. Até ensaiei as palavras certas que eu poderia dizer.

Mas mesmo assim, elas estariam equivocadas.


Hoje, enquanto ando pela Turiassú, ignoro qualquer ligação com o passado.

Hoje, não espero te encontrar.

Hoje, espero que você atravesse a rua.

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