Tempestade

Hoje eu percebi que o pior mês que eu tive foi quando deixei de escrever.

Olhando de forma fria, eu achei que eu havia superado, até mesmo senti que eu tinha dado um passo pra frente. Pensei que eu tivesse, finalmente, entendido o que a vida é. Mas quando parei para olhar o calendário, vi as inúmeras crises que estavam anotadas com uma caneta azul.

Eu lamentei. 

Uma tristeza se instalou em mim, eu falhei comigo mesma. 

Na verdade, durante o mês, eu guardei tudo. Como se o pó que eu varri, eu tivesse guardado debaixo do tapete. Ilusão minha foi ter pensado que estava tudo bem. Eu me escondi.

Ainda há tantas coisas para serem ditas. Não há cessar-fogo. 

O fogo fora disparado, eu me queimei.

Voltando a escrever, percebo que preciso me encontrar. 

Minha dor provocou o caos, que trouxe consequências severas. 

Me curar. É tudo o que eu posso dizer que tento. Mas, às vezes, sinto-me exausta por gastar energia demais tentando mudar isso. 

Confesso que Marcelo Falcão tornou-se um mantra, uma libertação e uma filosofia para viver a vida. 

Talvez me apeguei ao show do O Rappa, enquanto você estava ali. Viva.

Não temos mais histórias. Elas se foram há muito tempo, talvez seja isso que me incomoda. 

Sua voz, tento por diversas vezes relembrá-la na minha cabeça para não esquecer. Mas sei que estou errada. Eu só vou conseguir, se eu me permitir esquecer. Deixar pra lá. Já foi...   

Esquecer não seria apagar da memória.  

Quero transcender. Quero lembrar de você sem dor.

Quero tantas coisas.  

E a principal delas, sou eu. O meu melhor. 

E para isso, vou ter que enfrentar uma tempestade, igual um marinheiro faz quando é preciso. 

Nunca pensei, mas hoje, terei que enfrentar você
- a tempestade que me deixou em ruínas.  




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rua Turiassú

Hoje

As palavras silenciosas