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Veneno

Assim como o pó,  que percorreu pelas minhas mãos,  a pétala se despedaçou.  Não consegui salvar, você tirou a nossa paz.  Por palavras desconexas, eu vi tudo se espalhar.  Meu corpo,  meu ar,  meu chão.  Outra dimensão.  O doce morrer é no fim amargo,  é veneno que não pode ser salvo.

O protagonista do Tempo

Quando estou escrevendo o meu coração aquece. Eu vejo que eu vivi tudo o que podia viver com você. A tristeza se mistura com alegria, o choro vem. De repente, me pego olhando para a tela, parei de digitar.  Meu olhar fixa o vazio do momento.  A minha memória navega por uma imensidão azul, e volta-se para o rio mais escuro.  Acredito que toma a consciência de que acabou. Fui roubada pelos céus. Não há novo capítulo para a nossa história. Não há mais nossos doces planos em ação - àqueles que um dia sonhamos.  Não há mais o seu longo beijo na bochecha, que você me dava ao me ver, e ao se despedir.  Por um minuto, até revivo essa cena, ríamos...parece amor de outra vida.  Tão distante e próximo.  E o coração vai ficando apertado.  Sou eu deixando de existir pra você, enquanto você ainda vive pra mim.  Confesso que às vezes me sento à mesa, aquela que você nunca mais se sentou.  Me imagino tomando um café da manhã,  aquele que nunca mais tomamos.  Faço cena,  te espero sentada.  Mas só espe

A nova do passado

Quando pintou notificação no celular, não hesitei, disse que estaria lá.  Meu coração respondeu até pela minha razão. Sabe aquela sensação de "preciso disso" ou preciso "de mim" de novo.  Troquei algumas vezes de roupa, parece que nenhuma roupa do passado serviria para aquele momento tão esperado.  Pela primeira vez, eu acho, não pensei em você na hora de sair.  Engano meu, coloquei nosso anel no dedo e pensei "hoje você vai comigo".  Mas, digo, sabe aquele peso de sair para algum lugar e não ser um destino para te ver?  Dessa vez não pesou. Pareceu certo. Muito certo.   É como repetir um bom show do Rappa e se sentir liberto.  Feliz. Energizada.   Amada. Esses dias me peguei pensando que fiz uma tatuagem pensando em tirar uma dor, que de alguma forma criava raízes no meu peito.  Não consegui.  O tempo piorou.  Hoje, eu sei que vivo com ela, mas não é mais uma bagagem pesada de mão.  Fiz gavetas. Às vezes, abro, fecho ou deixo aberta...  Mas, só de saber q

O som da sua voz

Tem hora que bate desespero. Repito pra mim mesma que não posso esquecer.  Mas o medo, sempre chega sem avisar. Não é como uma frente fria no Brasil, que chega pela televisão. Baixas temperaturas, e, com ela, um fenômeno surpresa: a neve.  Com o medo é diferente.  A grande não-surpresa se repete.  Você não a recepciona mais com um chá, você sabe que ela vem. É no silêncio da noite que ela faz mais barulho.  A tal saudade.  Sinta-se à vontade, a cerveja tá gelada.  Reproduzo algumas imagens na minha mente, fecho os olhos,  e tento me sentir naquele dia.  A felicidade fazia morada em você.  Eu sorria, leve... em sua companhia.  Era o melhor lugar.  Respiro e tento suavizar os sons externos para te ouvir, mais perto, limpo, com qualidade.  Suspiro aliviada. Não esqueci o som suave, amoroso e agudo da sua voz. Quando consigo lembrar,  me acolho.  Sei que não estou só. Meus olhos se abrem, olho o celular, sem ligações, sem mensagens.  A realidade é amarga.  Por mais que você vive dentro de

Pra quem tem fé

Eu daria tudo pra voltar naquele show, Falcão, O Rappa mandando aquele som. A multidão cantando, a perfeita canção, pra quem tem fé.    Eu te via, e simplesmente sabia: era uma despedida,  e não só do O Rappa.   A fumaça subia,  queimando tudo o que vivemos ou tudo que poderíamos viver.  Uma em um milhão,  aquele encontros de irmãos, aconteceu. Quase ninguém sabia, que ali,  existiam já dois.   Eu chamo de tudo conspirou a favor.  A verdade é que você o Universo, planejaram.  De novo,  Igual tu mirava os fogos no final do ano,  você me olhava e curtia o som,  você sabia, eu sabia.  Deixa o silêncio falar,  Porque quem tem fé...

O voo da borboleta

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É teu aniversário, não comemoramos desde quando tu partiu. Ah, como eu lembro daquela última comemoração.  Você rodopiava com um drink na mão, estava radiante com aquela blusa azulada.  Eu vestia Iron Maiden, e você comentava o quanto era bom.  Depois de todo esse tempo,  confesso que eu ainda sinto um nó na garganta.  Pra quem fica é só mais uma lembrança dolorida, pra reviver, sozinha, só,  do que fomos e compartilhamos.  Hoje, é mais um dia sem te ver,  sorrir, cantar,  sambar.  Você teve que voar... Os nossos planos foram levados contra a maré.  E me deparo com a perda,  todos os dias.  Quem diria,  que no ano seguinte, eu veria tu vestida com a mesma blusa azulada, de olhos fechados,  por trás de um véu,  serena.  Eu cantei com todo o amor e dor, a nossa canção favorita:  "Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você..." E eu sempre dizia, além disso.  Cantamos todos juntos, enquanto outros se silenciaram.  Todos expressaram o quanto te amavam.  Ainda te amam. Nesta j

Vida

O que é a vida?  Esse questionamento veio me assombrar, logo, em uma segunda-feira, quando nossos sonhos e esperanças estão ativos, leves e prontos para serem realizados. É aquele famoso dia "na segunda eu começo".  Mas, quando surge uma reflexão tão profunda quanto essa, eu me calo. Não vejo sonhos, mas um abismo entre o que eu quero, o que eu sou ou o que eu deveria ser.  Será que a vida é essa insaciável vontade de abraçar o mundo?  Falo tanto sobre leveza, mas me sinto pesada, com tantas responsabilidades que eu idealizei e que chegaram, sem avisar. Um dia já chegariam, mas sinto, que desde cedo, foi preciso crescer.  Apesar dos olhos castanhos escuros, meus olhos nunca foram tão comuns. Enxergar além, se preparar para o pior, me especializar e nunca parar. Parece até que fui treinada para um missão especial de uma organização. Mas não.  Apenas fui treinada para enxergar assim a vida.  Carrego comigo momentos em que deixei que a brisa leve me levasse...Se eu soubesse, ter

Quem é você hoje?

São mais de 365 dias trabalhando em home office, vivendo uma pandemia que assombra, que afasta e que mata.  Durante esse tempo tivemos que nos redescobrir. Convivemos com novos medos e sentimentos que acabaram sendo despertados da pior maneira. Medo, ansiedade, insegurança, desânimo e solidão.   A flutuação do sentir e do ser.   Muitos tiveram que morar sozinhos, para evitar contágio ou porque outros da família tiveram que ajudar outras pessoas também.  Reorganizar a vida. Encarar a nova realidade. Como olhar com leveza para essa nova vida?  Muitas sensações misturadas e dilaceradas.  Mas, recordo-me de dias em que o céu estava rosa e amarelo, o conforto sempre chegava para acolher de alguma forma os corações desesperados.  Faça o seu dia valer da melhor forma possível.  Troque a esperança por acreditar mais.    São nos detalhes que levamos o melhor da vida, a leveza e a alegria.  Vibre amor. 

Borboletas Mortas

Eu quero ter uma conversa séria, com Ele,  que disse pra confiar Nele. Operador de milagres.  Eu acreditei, mas não era pra ser.  Adeus,  eu tenho falado muito isso nos últimos anos Devo ter me perdido. Adeus...  O coração da borboleta parou no Carnaval.  As flores se fecharam,  em despedida.  Adeus...  Tenho me olhado no espelho,  e me reconhecido,  seus traços vivem.  Adeus...  A esperança se foi,  a fé morreu,  me perdi.  Borboletas mortas...  Num belo entardecer,  a borboleta se foi  e sozinha me vi, de asas quebradas.  Adeus...  Quando me perdi foi quando me encontrei.  Adeus... Você me deu forças para juntar os pedaços da asa, A fé volta, a raiva vem junto.  Quem sou eu? Acolho o nós. Os meus nós,  como for.   Sozinha.  Adeus, eu tenho falado muito isso nos últimos anos. Devo ter me encontrado em você.  A nova borboleta volta,  para o seu próprio ser.   Quem eu me tornei, sem você ou por você? 

Caminho do Reencontro

 Meu caminhar é solitário,  mesmo quando me estendem a mão.  Não falo de ingratidão, falo de sentir o que preciso sentir. Sozinha me redescobrir.  Sozinha saber como caminhar.   Ninguém entenderá que a vida que você tinha não é mais a mesma. As cores ficaram mais cinzas, pesadas e sem nitidez.  Você ainda não adaptou a visão.  O seu coração não bate mais da mesma maneira, porque uma parte lhe falta. A tristeza, a saudade e a dor - as melhores companhias.  E quando chegam, sem avisar, é o momento que você sabe que Ela está presente.  Foi real.  Viver esse processo é aceitar que não haverá mais nenhuma conexão igual. É abrir mão de muitos planos que foram feitos. É viver uma vida procurando o seu sorriso ou a sua aprovação, e não encontrar na multidão.  A sala está vazia. O tique-taque apressa a vida...  Viver essa nova existência  é aceitar sozinha que a vida muda e te prepara para novos planos... Na caminhada, uns ficam, outros vão embora, e até os seus favoritos soltam a sua mão... Fo