Ela

      Como de costume, eu estava sentado em uma cadeira bem perto da janela, no meu café preferido, Starbucks. Na minha frente, estava o meu notebook, o meu grande companheiro. Como sempre, eu estava escrevendo poesias que nunca seriam lidas e muito menos entregues. A cada batida no teclado, eu bebia um gole de café forte para me manter acordado nesse mundo vazio. Porém, fui impedido de beber, quado os meus olhos a encontraram. Eu fiquei paralisado com o copo de café perto da região dos lábios. Eu não sei o que aconteceu comigo, mas eu não queria parar de olhar. 
      A desconhecida estava com muitas sacolas na mão, mas não parava de sorrir e brincar com um cachorro que tinha acabado de conhecer. Seu cabelo era preto, mas no sol mudava para uma cor que eu não conseguia descrever. Sua saia e sua blusa eram pretas, mas seu sorriso iluminava qualquer dia nublado. Talvez eu estivesse exagerando, afinal aquela cena durou apenas três minutos, mas notei qualquer detalhe dela.
     Acabei me perdendo durante a cena, que nem percebi que ela não estava mais ali. Ou melhor, ela estava dentro da cafeteria. Eu podia ouvir sua voz doce cumprimentando o funcionário e fazendo o seu pedido. Pelo que percebi, ela já era conhecida naquele café, mas por que nunca havíamos nos encontrado?
     “Obrigada, Ted.” – ela saiu rapidamente do balcão em direção à porta. Porém, uma de suas sacolas enroscou na minha cadeira.
     “Opa” – ela riu.
     “Tudo bem, eu ajudo” – sorri desajeitado levantando-me para ajudá-la.
     “Obrigada.”
      E foi tudo o que ela disse. Ela simplesmente saiu pela porta deixando-me sem reação. Eu poderia ter perguntado seu nome, mas...falhei. 

     Ela usava preto, mas tinha a alma mais colorida que eu já vi.

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