Cristal Verde

O sol nasceu novamente, 
Quieto
E sem cor. 
Era mais um dia cinza, nessa cidade repleta de cor. 
Meus olhos buscam o seu,
Mas tudo que encontro é a sombra deixada pelo seu boné
que de maneira dramática, ofusca seus olhos entristecidos.
Permaneço calada, assim como você.

Sua mão massageia a minha,
Mas não sinto nada.
A música continua a tocar no nosso bar preferido,
Mas nossas batidas não parecem mais as mesmas.
Nossa fala sempre afiada e monossilábica.
Nossa sintonia, pra baixo.
Nosso cristal verde espatifado,
juntando-se com a poeira deixada no lixo em uma rua qualquer.
Tiro minha mão da sua e pego o copo que estava na mesa lotada de garrafas de cerveja,
Você me olhou quase em câmera lenta,
Como se acompanhasse a voz da Cássia Eller.
Por um segundo nossas risadas sorriram uma para outra,
Mas só por um segundo.

Você roubou a melhor coisa de mim,
Mas garanto-lhe, ela não é mais sua.
Você me levou até o céu,
Mas eu escolho cair.

Posso escutar o silêncio dos momentos que deixo ir com o vento,
Deixamos de ser quem queríamos, 
mas a verdade é que nunca fomos. 

Texto escrito na data de 02.03.2016




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