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Violão sem som

Você consegue ouvir o silêncio? Meus dedos tocam as cordas do violão, mas não emite som. Meus olhos, cansados e entristecidos, encontram a direção dos teus. Tento sorrir, em vão. Minha voz, em meio a tempestade de folhas secas, tenta cantar uma música e esquecer a sua presença. Não consigo. Você consegue ouvir o barulho dos meus sentimentos? Eu posso escutá-los em ótimo e bom som, mas ninguém que está ao meu lado pode. Largo o violão, sigo o teu caminho: o da Luz. Um reflexo de mim mesma, é o que eu encontro. Eu tocaria os céus pra te encontrar, mas cá estou. Você foge, eu fujo. Uma floresta sem som, não é real. Este violão, que seguro em minhas mãos novamente, não produz som, notas... Está calado. Está quebrado. Não sei tocá-lo. Não posso aprender. Lágrimas caem, não vejo mais eu mesma. Seu rosto volta a me assombrar. Posso ouvir o som da gaita, distante...mas perto. Consigo sorrir, não dói tanto, mas só por um segundo. O sol atr

Estrada

Quando vejo a sua foto, sei que está pegando uma estrada. Com os seus óculos escuros, você guia o carro. O seu destino não é Itupeva, o caminho não é o mais perto. Percebo a sua atenção ao olhar pelo retrovisor. Suas sobrancelhas, agora, franzidas, demonstram preocupação. O caminho será longo. Ao seu lado, converso e dou play no O Teatro Mágico, ou no Barão Vermelho. Sinto o meu corpo longe dali. Cada vez mais me afastando de ti. A nossa voz foi ficando mais baixa, não te escuto, você não me ouve. A visão não está mais clara, nem sinto o seu perfume. Eu não encontro mais o seu sorriso, nem o caminho da estrada. Com o tablet em mãos, ainda escuto a nossa música. Estou sentada no chão, esperando o ônibus passar. Ninguém aparece para me salvar. Tenho aprendido da forma mais dura que, mesmo que eu não te veja, não te abrace, não te escute, você vive dentro de mim. Na minha memória, no meu coração e nas coincidências da vida, você está. Com o seu to

Mais de você

Eu sempre soube que aconteceria. Por mais que eu fugisse, o meu coração dizia, gritava, por você. Apesar de quase ser tarde, eu corri para os seus braços. Eu não queria ser vulnerável, sensível, mas eu não podia te perder. A verdade é que eu estava cansada de mentir pra mim mesma, sobre como eu sentia por você. Calor, sempre ao te beijar. Ainda lembro das minhas palavras confusas, e da vontade de descer daquele ônibus. Mas eu te olhava discretamente, seu sorriso era o reflexo do meu. Me apaixonei. O vento nos cercava, enquanto estávamos na grade do ponto. Eu sabia que você falaria. Recordo-me alegre, só sinto que tudo poderia ter começado antes. Tudo no seu tempo, assim nos ensinam. Mas sinto que sempre é pouco tempo quando estou com você. Diferente da minha religião, a sua, diz que só temos o agora. Então, vamos viver intensamente, dançar conforme a nossa música. Viver.

K.

Olhos de jabuticaba que brilhavam. Pêlo branco como as nuvens do céu. Foi assim que te vi pela primeira vez. Frágil, pequena e alegre. Eu a envolvi em meus braços. Sorri. Eu havia ganhado o mundo. Por doze anos, Eu estive com você. Mas confesso, você que sempre esteve comigo. Hoje, encontro a minha e a nossa paz. Assim quero chamar, assim quero confiar. K. Foi enterrada nas terras mais bonitas de Itupeva. As folhas reproduziam o barulho do vento. Os cachorros latiam e labiam nossos rostos cobertos de lágrimas. Estavam todos unidos, enquanto o buraco estava mais fundo. O céu ficou cinza por muito tempo, mas depois, flores nasceram no local que você descansou. Há vida. Quero acreditar.

Pra você

Não é um dia comum, não é uma comemoração, não é uma data importante. É apenas o hoje. Hoje, tornou-se mais do que especial. Quando estamos juntos, peço que o mundo não acabe, apenas me deixe deitar mais uns minutos com você. Tempo, passe devagar, ainda quero ver esses cabelos grisalhos. Hoje, tornou-se mais do que viver. Tornou-se te amar. Viver uma vida ao seu lado, é o que eu espero. Logo, em breve, agora. É o que mais quero. Homem das covinhas escondidas na barba por fazer, sorri envergonhado. Me encanta com o seu saber.  Não é um dia comum, é o dia que durmo e acordo ao seu lado. É um dia que merece comemoração, com beijos e abraços.  Pra você, te dedico estes versos. Pra você, meu eterno viver. Três, seis, quinze, vinte, mil anos ao seu lado.

Ansiedade

A garganta está fechada, não consigo falar.  Sinto as mãos e os pés gelados.  O peito aperta.  A confusão mental vem,  me perco, tentando me encontrar.  Descobri da pior maneira o que era.  Pânico. Medo. Ansiedade. Agorafobia.  Algo de ruim vai acontecer.  Há dias bons, semanas ruins.  Semanas boas e dias ruins.  É uma instabilidade mental e emocional.  Exausta.  Medo do medo, é o que sinto.  Tento me controlar, mas é gastar energia redobrada sob outra.  As ondas começam a bater mais forte,  sinto-me enjoada.  Me afasto,  mas o mar sempre me leva.  Passado e futuro, os meus vilões mascarados.  Durmo e quando acordo ainda está lá.  Me encarando, esperando ser despertado. A qualquer momento.  Música tem sido o meu porto seguro. Mas até quando?  Mascar chiclete tem sido o meu porto seguro. Mas até quando? Respirar tem sido meu porto seguro. Mas até quando? A cada dia me sinto menos eu, e mais eles.  Eles acreditam

Tempestade

Hoje eu percebi que o pior mês que eu tive foi quando deixei de escrever. Olhando de forma fria, eu achei que eu havia superado, até mesmo senti que eu tinha dado um passo pra frente. Pensei que eu tivesse, finalmente, entendido o que a vida é. Mas quando parei para olhar o calendário, vi as inúmeras crises que estavam anotadas com uma caneta azul. Eu lamentei.  Uma tristeza se instalou em mim, eu falhei comigo mesma.  Na verdade, durante o mês, eu guardei tudo. Como se o pó que eu varri, eu tivesse guardado debaixo do tapete. Ilusão minha foi ter pensado que estava tudo bem. Eu me escondi. Ainda há tantas coisas para serem ditas. Não há cessar-fogo.  O fogo fora disparado, eu me queimei. Voltando a escrever, percebo que preciso me encontrar.  Minha dor provocou o caos, que trouxe consequências severas.  Me curar. É tudo o que eu posso dizer que tento. Mas, às vezes, sinto-me exausta por gastar energia demais tentando mudar isso.  Confesso que Marcel

Luz Azul

Perder, eu nunca fui boa nisso. Não digo só no jogo, mas em tudo que a vida tem para nos tirar.  Tenho brigado com Deus e com tudo o que fora me ensinado.  Como aceitar? Como conformar? Como acreditar? Como seguir em frente?  As palavras agora se perdem quando é necessário colocar em prática.  Isso passa; Ela está em paz; Ela não queria te ver assim; Era o destino dela.  Seja forte...Mais? Será um sonho? O meu pior pesadelo? Há ressurreição? Há uma religião que diz o que eu quero ouvir?  Vozes gritantes sussurram em meu ouvido. Elas não me fazem bem, elas me matam aos poucos.  Deixei de ir diversas vezes onde meu coração queria estar.  Medo. Ansiedade. Tensão. Nervoso. Tristeza.  Devo dizer, que a tristeza me tomou conta. Lembrar do seu nome é lembrar desse agouro. Pedi ajuda.  Ajuda para os céus, ajuda para quem estava lá. Eu precisava ser salva.   Fui encontrada no meu último suspiro em meio as minhas próprias lágrimas. Uma súplica par

Não espera ser tarde

O tempo? Ele é poderoso. Alguém já dizia que ele é rei. Devemos concordar, o tempo nos permite viver, curar, mudar e seguir em frente. Porém, voltar atrás não é possível. O caminhar é uma linha tênue com várias curvas, mas o olhar é no horizonte. Principalmente em situações ruins, nós temos a famosa frase que iremos ser fortes e que esse momento de tristeza passará. Afinal, as tempestades não duram para sempre. Pois bem, tudo passa, até mesmo os momentos bons  –  e eles se vão fácil demais. Ninguém fala das consequências ao deixar que o tempo passe. Não há como recuperá-lo. Quando você percebe que deveria ter dito algo, perdoado ou abraçado mais, é tarde. A vida escorre pelas mãos, não é possível segurá-la. Não deixe que que a rotina te engula. Desacelere, você pode respirar e desfrutar do que há de melhor nesse mundo. Aproveite, mas não mate o tempo. Esgotá-lo é o maior erro do ser humano. Para quem fica com o sentimento é tortura. É um longo caminho de arrependimentos e de

Hoje

Talvez, apenas hoje, não precisa doer. Talvez, apenas hoje, o sorriso seja mais forte pra agradecer. Talvez, apenas hoje, eu volte a respirar. Hoje... Liberto-me de pensamentos pesados, Fecho os meus olhos e escuto a sua oração, Shikyamuni. Aquela que você tem me dedicado.  Respiro e relaxo.  Sinto-me forte.  Hoje eu vou pro mar, falar pra você que por aqui tá tudo bem, que agora eu vejo o horizonte e ele está tão belo. Apesar do lacrimejar dos meus olhos,  Sinto a esperança aparecer.  Falo isto  pra você descansar, Mas será que faço isso pra me confortar? Talvez, apenas hoje, não precisa doer. Talvez, apenas hoje, o sorriso  s eja mais forte pra agradecer. Talvez, hoje, eu volte a me enxergar. 

Ausência

Apesar da falta, sinto tão forte e perto. É tudo, talvez, menos ausência. Quando enfrento sozinha, ela vem com tudo, me calo. Pensei já ter sentido isso um dia, mas não. Ela vem sem avisar. Carregada de tudo o que você possa imaginar: dor, angústia e impotência. Talvez o meu negar tenha razão: é a ausência mais aguda e gritante que já conheci. Apenas eu posso ouvi-la. Um barulho que eu achei que pudesse traduzir. Hoje, quando olho fotos antigas, meus questionamentos são outros. Mantenho-os no meu mais profundo ser. Ninguém seria capaz de entender. Será que um dia vou conseguir suportar? a tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.

Desacelera

Vivemos dias tão intensos e corridos, que até mesmo para ler um livro só é possível quando pegamos o transporte público.  Em pé ou sentado, não há preferências. Mas até ler é luxo nessas condições. Ônibus lotado, não há onde segurar. A única preocupação é manter-se bem, mesmo que o ar lhe falte no aglomerado na ausência de um ar condicionado. E assim deixamos pra depois para ler o nosso livro preferido. Ou melhor, deixamos tantas coisas para o outro dia... A vida passou a ser vivida no automático. Com tempo para o trabalho e menos para o inusitado. Saúde? Deixamos pra lá. Não há tempo para check-up. Deixa acontecer! Nessa cadeia alimentar, o que prevalece é o sugador de energias, o cansaço.  A certeza que fica é aquela que desse lugar eu não pertenço. Desse lugar, estou me desligando e desacelarando o meu pensamento. 

Coragem

Desde a sua partida, os dias continuam pesados. Aquilo que nós dividíamos, hoje, enfrento sozinha. Aprendi que a minha coragem terá que ser sempre maior, afinal, os muros também ficaram mais altos. Ao redor, vejo sanguessugas da pior espécie, aquelas que você não queria por perto, aquelas que te viraram as costas, aquelas que te ofereceram um sofá, quando na verdade tinham uma cama. Tento com toda a minha força empurrá-los para longe, mas cada dia estou mais fraca e menos perto. Hoje me olho no espelho e não me reconheço. Olhos tristes e o brilho se apagando. Será que vou me recuperar? Você costumava ter o remédio. Onde vou procurar? Talvez um dia, eu espero, que toda a tristeza se torne em algo belo, E que a paz permaneça, Aonde quer que você esteja.

Farol

Quando tudo ficou escuro, a sua luz invadiu o meu mundo. Forte e intensa, o seu olhar passou a ser a minha cena favorita.  Eu hesitei, esquivei, mas nada adiantou. Quando nossos olhos se encontravam, eu sabia que mais tarde eles nunca parariam de se olhar. Em meio a tantas palavras ásperas, um dia eu escolhi ficar. Como cola, eu grudei em você. Teu olhar ainda provoca as mesmas sensações. Aquelas que eu nunca me canso, aquelas que eu sempre quero mais. Talvez uma vida não seja o suficiente para nós, Mas só de te olhar, meu sorriso sorri pra vida, como se tudo fosse possível. O infinito.

Espirais

Enquanto os meus pés seguiam pelas ruas da Lapa, um vendedor me chamou atenção. Sua venda eram espirais que tomavam forma conforme você manuseava o objeto. Por um momento, um rápido momento, pois o meu passo era veloz, recormei-me de um presente que ganhei quando era bem mais nova. Sim, esses mesmos  espirais. Eu não conseguia deixar perfeito igual você fazia. Eu te admirava enquanto meus olhos observavam os diferentes desenhos que se formavam com cores vibrantes que eram feitos pela sua mão. Você estava lá. Talvez a vida seja exatamente isso: Espirais. Uma hora com curvas, outra para, noutra  centra, retorce e, em outro momento se encontra... Hoje, meus olhos pouco te olham, mas a admiração continua viva. Mais do que isso, os meus olhos são capazes de te entender na distância e dividir a dor e o silêncio do qual eu puxei de você. Porque agora eu entendo. Você estava lá.

Te amar...

Gosto quando deito no seu peito e você acaricia o meu cabelo. Por um momento esqueço de tudo e pelo mundo sou esquecida. Confesso que tenho vontade de congelar o tempo. Não quero que acabe, não quero que vá para longe. Permaneça. Em seguida nossos olhos se encontram da forma mais bonita que posso dizer: eu vejo você. E sei que você me entende quando digo essas palavras. Nossos lábios se aproximam da forma mais delicada que existe e tomam atitude quando você me puxa pra perto do seu corpo. Te amar é como o encontro de um tornado com um vulcão. Somos intensos e essa intensidade me faz acreditar que juntos, somos mais. Juntos, a eternidade ao seu lado parece possível. 

Último ano

Era Ano Novo quando pela primeira vez fizemos bolo juntas. Chocolate com cobertura de chocolate. O que nós mais gostávamos: chocolate. Lembro-me de sentar na cadeira, te olhar enquanto você esperava ansiosamente os fogos. Pude reparar no fundo dos seus olhos que você sentia que poderia ser o seu último e precisava admirar as cores logo.   Em seguida, fitei o chão, o gramado e tudo o que estava ao redor. Aquela chácara teve história, mas você sabia que o resumo dela era sobre eu e você. Eu queria recordar-me daquele momento. Poderia realmente ser um ano novo com todas as possibilidades, com toda a felicidade e com todo o amor do mundo, e eu queria isso para você. Sempre desejei.  De repente, a Dalla deitou-se no meio de nós, atrapalhando os meus pensamentos. Ela olhou como se esperasse algo. Eu a entendia. Eu também esperava. Meia noite, fogos e abraços de feliz ano novo. Eu acreditei. No outro dia, continuávamos a conversar sobre fazer bem casados. Uma