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Mostrando postagens de 2020

Praia de Pitangueiras

Ô mar,  vê se leva essas cinzas para a sua Rainha,  conta pra ela. que essa loira botava fé, tinha seu próprio ritual.  Um sorriso fora do normal, contagiava, de longe de perto.    Vestida com a sua melhor roupa, mergulhava no gelado das águas por uma busca do seu ideal.  Ô Lua,  que nos observa,  choras por ser testemunha  de um ato tão especial,  o desejo maior, seja feita a sua vontade.  O pó é derramado, passando pelos meus dedos trêmulos,  nas ondas tranquilas da Praia de Pitangueiras, seu corpo em cinzas foi se misturando com o balanço do mar.  O silêncio invadiu a noite, só o barulho das ondas se chocando, uma melodia, um lar, a única alegria pra acalmar o coração...  Cinzas ao mar!  Aos poucos, você deixando de existir, pra viver dentro aqui, em algum lugar.  Ô Senhor,  seu nome deveria ser mudado...  Praia dela, da Mulher sem medos,  ficava no escuro, iluminada pela sua própria Luz. Praia dela,  Mulher de recomeços,  tava sempre ali comigo... O que será agora?  Ô Vida,  não qu

Pêndulo

Eu posso sentir as memórias, longe,  perto...  Um pêndulo.  Toda essa descoberta, me fez sentir de novo, o vazio que me pega,  no íntimo do meu ser.  Solidão que não escolhi.  A briga é eterna, interna, só eu posso ver.  Eu poderia escalar a montanha, e lá de cima olhar a imensidão que nos cerca. Valeria a pena?  Fico na ponta.  É uma confusão sem fusão,  ou já me tornei líquida que nem posso me ver?  Será que caí em mar aberto?  Eu me vejo afundando,  lutando, a mão fora da água, esperando teu toque.  Ele nunca chega,  não chegará.  Não me salvará.  Avanços, na dor,  no interior.  Peço descanso.  Mas assim é,  altos e baixos.  Só não me deixa parar de lutar. 

Presente

Mais uma vez, me pego falando de você. A ferida cicatrizou, mas não posso esquecer. Uso palavras erradas, falo no presente. Me corrijo, sempre que possível. Era pra você estar aqui. Eu posso viver com o coração quebrado, mas é impossível viver com a metade. É assim, todos os dias. Um respiro falho, com metade de mim, sorrindo e nadando na água fria. Você viveria?

Espinhos

Hoje eu acordei com aquele sentimento de novo, o Medo. a Certeza. a Dor. Volto, porque há sempre a minha intuição me dizendo coisas. Sei que posso estar errada, mas sei quantas vezes estive certa. Autossabotagem ou não, me encaro no espelho. O que eu quero? Sei que estou me equilibrando em uma corda, quando na verdade, a imagem real é que estou com os pés no chão, um belo dia para sentir a areia nos pés, sorrir pra você. Projeto ilusões verdadeiras, aponto o dedo pra mim mesma, e simplesmente tento correr. Fugir do que pode acontecer, ou se não acontecer. Ser feliz é bom demais pra ser verdade, há um erro. Só vejo a dor, a falta, a imperfeição e falhas que vivi até aqui. Nesse meu desvaneio,  prefiro desacreditar, enfrentar. Mas esqueço que não há guerra pra vencer, eu mesma criei uma. Eu contra eu. Minha própria ruína.  A flor com espinhos, que se machuca sozinha. Você pode florir.  Sei das minhas ações, sei o quanto me privo do belo. A

Sentir

Eu sei o quanto todos estão cansados de ler as mesmas palavras, os mesmos sentimentos, a mesma dor. Eu também cansei, é exaustivo demais. Quando vem, derruba um time inteiro de futebol, e destrói as águas mais limpas dos oceanos. Me sinto parada, no mesmo lugar, revirando esse baú que chegou depois, o tal sentir, tarde demais... desastre. Não há nada que substitua, nada que me faça sentir completa. Não há cura, não há milagre, não vai funcionar, ajuda. O vazio, a perda e o não poder fazer nada, me deixa de mãos atadas. Quero fugir, evitar a próxima tempestade. Eu sei que há outras perdas pra sentir, há outras histórias para começar, e tantas outras coisas pra viver. Mas você não estará lá pra eu contar, compartilhar... Você me deixou, sem instruções de como seguir. Você foi e simplesmente não há mais nada. Em palavras curtas e diretas, sentir tornou-se algo solitário demais.

Memórias

É o mesmo sonho. Fecho os meus olhos e estou em um lugar cheio de árvores, estou andando da forma mais leve que eu posso. A cada passo, tenho que esquivar de um galho verde, mas faço com prazer. Sei que no final do caminho, eu vou te ver. Quando chego no topo da montanha, sinto meu corpo me puxar pra baixo. Já estou em outro cenário, tentando abrir uma torneira. Meu rosto acompanha os seus movimentos, te encontro do outro lado. Estamos sorrindo, gritando com os cachorros. Um filtro natural com flores amarelas e o verde das árvores frutíferas. É o que eu vejo. Eu sei que tenho tantas perguntas, mas me calo, só quero sentir a paz daquele momento. Memórias que já vivi, uma mistura de sonho e realidade. Impossível de decifrar. Aos poucos tudo fica preto, e menos branco.

Furacão

Essa dor no peito, que não para. Sufoca, e me afasta. Me leva pra longe de você, de nós, de mim. O espelho recorda-me sobre quem eu sou, mas só vejo cacos espalhados pelo chão. Já fui, não sou mais. Sou estes cacos, quebrados, que continuam marcando a minha história. Cicatrizes de ouro, pintadas pelo meu corpo. Respiro, luto pra acalmar a mente que não cessa. Fecho meus olhos. Sou o furacão em um corpo de leão. Vou rugir, para espantar os males. Serei feroz como ninguém viu. Serei mulher sem medos de viver. Serei vitória ao amanhecer.

Cores

Andando pelos corredores daquele lugar, eu sempre soube o que dali poderia florir. Amores que se encontram, pra viver uma vida inteira juntos. Foi assim que eu te vi. Eu nunca imaginei a intensidade, mas hoje percebo, que eu sempre previ. Eu só tinha medo de encarar a realidade. Você sempre esteve ali. Sentada naquela mesa de bar, eu sorria, enquanto o meu coração pulava e fervia. Eu só queria te levar pra longe dali. Eu e você, confesso que eu amava o meu jogo.    Intensos, volto a repetir. Com você, nunca foi preto e branco. Desde sempre, colorido, na nossa perfeita cor.

Roupas no Varal

Enquanto eu pendurava as roupas no varal, eu senti o sol batendo no meu ombro e na minha cabeça. Sorri, fazia tempo que eu não via e sentia tão de perto os raios solares. Viva. Isolada, nesta pandemia, percebi ainda mais o quanto pequenas coisas são na verdade...gigantes. Mas também descobri que é um momento de clareza para a mente e para alma: o que é importante para a sua vida? Quem está com você? O que é a sua prioridade? Quem se importa com você? O que você quer para a sua vida? Confesso que pode ser decepcionante as respostas. A verdade pode doer, mas ela é simples e direta. Aceita-a e se transforme diante disso tudo. Reinvente-se...é necessário. A realidade me mostra todos os dias o que é um mundo sem você, mas faço as minhas manobras para diminuir essa ausência. Fiquei me perguntando o que você falaria sobre o novo coronavírus. No segundo seguinte, eu ri. Eu sabia exatamente quais seriam as suas palavras, o seu olhar, o franzir da sua testa, o regalar dos olhos e a sua

Casa Azul

Era noite quando eu levantei e andei pelos corredores da casa. Perdida e sem ninguém, eu olhava para os cômodos fechados sem entender o que havia acontecido. Estava escuro lá fora, mas a Lua iluminava a noite. Eu conseguia ver o reflexo das árvores invadindo a casa, era pavoroso o mexer dos galhos e folhas, pior ainda o barulho. Me sentia uma estranha, assim como as luzes azuis daquela casa. Logo eu, que sempre gostei dessa cor. Atrevi entrar em um quarto, abri a porta suavemente com medo do que seria encontrado. Meu rosto corado, eu estava sozinha naquele lugar. Ao entrar, tive um choque. Meu corpo ficou quente e desorientado. O calor queimava a minha pele e todos os meus órgãos. Dor, parece que foi tudo o que senti. De repente, a minha respiração ficou mais difícil, levei as mãos para meu peito, como se fosse possível aliviar o que estava dentro. Em vão, eu precisa fugir. Corri para fora tentando me salvar. Quanto mais eu tentava respirar, mais eu vi

Carnaval

O Carnaval era a sua data favorita, festas, ensaios e bateria. Até lembrei daquele dia, a minha primeira vez em uma escola de samba: Águia... razão do meu viver! Lembro do seu sorriso iluminando aquele lugar, e o samba no seu pé! Era bom te ver dançando em perfeita harmonia.  Fecho meus olhos, a cena muda. É Carnaval outra vez, estou presa, sentada em uma cadeira de espera. O pior chamado, eu recebi. Era sobre você. Dia 14, em pleno Carnaval, o seu coração parou de bater. Tudo ficou escuro, mas era só dentro de mim. Enquanto eu olhava para o céu, procurando explicações e esperança, o pôr do sol respondia com luz. Fecho meus olhos novamente, estou em uma sala lotada. Muitas pessoas, muitos olhos me procuram, só vejo você. No centro, deitada. Você vestia a mesma blusa do seu último aniversário. Em coral, cantamos O Teatro Mágico. Tento falar algumas palavras, porém, só há um som: o barulho das lágrimas. Como cachoeira, caem, em um profundo vazio che

Incompleta

Era uma sexta-feira quando olhei para o céu, ele estava azul, como se algo bom fosse acontecer. Meus olhos se fecharam com a luz do sol, mas continuei olhando para lá. Eu soube naquele momento que você não estava mais ali. Eu queria marcar aquele dia, contar para todos o que eu descobri. Por um segundo alívio, calma, algo que eu nunca havia sentido com você. Tristeza, meus olhos queriam derramar lágrimas. Apesar da descoberta ser boa, ela significava algo ruim. Você longe, e eu aqui.

Universo

Hoje eu conversei com o Universo. Fechei os meus olhos e deixei que o som da flauta me guiasse. Aos poucos, as lágrimas caíram no meu rosto pálido. Pensei, esta é mais uma mensagem triste, mais uma dor para reclamar. Mas não, era a liberdade de poder conversar com quem eu deseja. Sem angústia, sem raiva, sem revolta. Coração leve. Com calma, fui clareando tudo o que sentia, deixando tudo vir à tona, sob a minha pele, sob quem eu sou. Falei, de forma sincera, o quanto eu era fraca quando o assunto era sobre você. Deixei meu Ser transparecer tudo. Eu precisava. Lentamente abri e fechei os meus olhos de novo, agradeci, e mais lágrimas caíram. Sorri. Eu podia imaginar o lugar que você estava: cachoeiras, grama verde e o seu melhor sorriso. Um dia, ouvi nas minhas músicas preferidas que "mesmo na morte, o nosso amor vive." Tentando dar o meu melhor, no meu pior momento, aqui estou. Procurando a paz e lhe dando a paz. Escolhendo apenas o amor. Não vim lame

A dor da liberdade

Naquele dia, o céu estava azul com poucas nuvens. Combinava com o vai e vem do mar, que no final, agitava-se com ondas fortes. Eu estava sentada na areia, ajeitando o meu chapéu,  enquanto olhava para o meu amor. O meu sorriso era leve e os meus olhos queriam congelar aquela paisagem.  Eu estava no meu melhor momento.  Por um segundo, meu pensamento foi longe. Eu exigia mais tempo naquele paraíso.  Eu senti todo o meu corpo estremecer,  era um pânico de voltar para a realidade e para as responsabilidades.  Voltar para casa significava voltar para a rotina em um mundo que você não está. Era voltar a enfrentar a tempestade, novamente, todos os dias.  Era rir de algo em uma roda com os familiares e não te encontrar.  Lutar, tornou-se algo rotineiro, que ao mesmo tempo eu não sei mais fazer e cansei de batalhar.   Tentei por diversas vezes esquecer o quanto eu queria te dizer sobre a viagem.  Mas de alguma forma, nos pequenos detalhes, eu sabia que v